AFINAL, O CORONAVIRUS É PERMISSÃO DE DEUS?

Por Pr. Rafael Gomes

Recebi, por intermédio de um amigo um texto no Whatsapp, cujo autor desconheço, que tratava acerca da possibilidade de Deus ter permitido, ou ativamente enviado, o coronavirus. Dessa forma, em seu texto, o autor levanta uma série de questionamentos quanto ao posicionamento de alguns cristãos, frente à pandemia que estamos enfrentando.
Dessa forma, decidi postar aqui no blog as respostas que escrevi aos questionamentos presentes no texto. Não me ative em responder a todo o conteúdo, mas somente aqueles que entendi serem cruciais.
Espero que esse artigo te ajude a compreender mais sobre a realidade que nos cerca e, que mesmo vivendo em mundo tenebroso, podemos descansar tranquilos nas mãos do Deus Onipotente e Soberano, a quem nós servimos!


1. Deus permitiu que um vírus se alastrasse ao nível pandemia e dizimasse tantas pessoas para que cristãos orassem?
- Deus não só permitiu, como ativamente destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra, tendo antes disso anunciado ao seu servo Abraão, para que o mesmo orasse em favor dos justos que lá habitavam. 
- Deus não só permitiu, como ativamente sujeitou o Egito, mediante as pragas, a cumprir com o Seu propósito.
- Ele não somente permitiu, como também ativamente enviou pestilência sobre Israel, como disciplina pelo pecado de Davi na contagem do senso. Ele não somente permitiu, como "aprouve a Deus moe-lo", quando lemos Isaías profetizando sobre Cristo.

2. Deus brinca com a vida dos outros?
- A vida não é dos outros, mas a vida é um dom dado por Ele, é uma benevolência do Pai, derramada pela Sua graça comum sobre a humanidade pecadora. Como Ana bem nos lembra: "O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela." (1 Samuel 2:6)
- Isso não é brincadeira, isso é providência divina.

3. Para que a cruz, se Ele iria matar milhões depois com um vírus?
- Esse é o mesmo pensamento do povo hebreu ao sair do Egito e vagar pelo deserto: "era melhor termos ficado no Egito do que morrer nesse deserto". Nessa lógica, por que Deus retira o Seu povo do Egito, se toda aquela geração morreria no deserto, permanecendo somente Josué e Calebe? A cruz não é para assegurar uma vida feliz e constante nessa terra, mas para garantir a eternidade gloriosa com Ele. Assim como o deserto não era um meio de vida segura para o povo, mas o caminho necessário para a promessa de Deus.
- E todos os cristãos que já morreram em decorrência de perseguições ao longo dos séculos de história da Igreja? Se seguirmos a mesma lógica, para que a cruz nesse caso?

4. Deus gera dor no mundo para que um grupo seleto o sirva melhor?
- Deus não é fonte de mal para gerar dor. Mas sim, Ele a administra para que o sirvamos melhor! (Romanos 5.3-5)
- E se entendemos que vivemos em um mundo totalmente depravado pelo pecado, saberemos também que o mal não é gerado em Deus, mas em nossa pecaminosidade. Mas glórias a Deus porque servimos a um Deus verdadeiramente Soberano, que controla de fato todas as coisas conforme o seu propósito, e até o mal está sujeito à vontade de Deus. Temos diversos exemplos para essa afirmação. (Gênesis 50.20; Habacuque 3.13; Romanos 8.28)

5. Fazer o mal às pessoas para que se rendam à nossa vontade é o mesmo que torturá-las.
- Não é mal por mal. É disciplina. E açoites não geram alegria, mas choro muitas vezes. Hebreus 12.5-7
- Ao longo da narrativa bíblica já está mais do que provado que a tribulação e o estado de miséria espiritual é o que conduz o homem ao arrependimento verdadeiro. Pouquíssimos são os exemplos daqueles que são conduzidos ao arrependimento pela bonança, pelo contrário. Faz parte da pedagogia divina administrar a nossa maldade para benefício de Sua vontade em nós. (Habacuque 1.1-6; 3.17-19)

6. E onde está Deus?...Deus está chorando com os que choram. Está também em cada descoberta rumo à vacina...está em cada cura.
- Significa que Deus então está sujeito aos nossos padrões de bondade? Significa dizer então, que vontade de Deus só boa, perfeita e agradável, nos casos positivos? O que pensar de Eclesiastes 7.1-4, ou de 1 Pedro 4.12-16? O que poderíamos dizer do seu servo Jó, então? E de José, sendo quase morto, vendido como escravo? O que pensar de Daniel e seus amigos, ou de Paulo em seus naufrágios e prisões? Ou o que pensar do próprio Jesus quando diz sobre Paulo: "mostrarei o quanto importa sofrer por meu nome"?

 Concluindo
- De fato o Senhor é Soberano sobre todas as coisas, e esse é motivo de podermos encontrar descanso nEle. Sabemos que nada o pega de surpresa, e que a história é regida para o fim que Ele determinou que tivesse.
- Não somente esse vírus em específico, mas as enfermidades de modo geral, todas elas são reflexo de um mundo caído, falido e cheio de pecado. Mas até elas estão debaixo do controle soberano de Deus. Dessa maneira, a nossa preocupação não deveria estar em contrairmos ou não essas enfermidades, mas em saber que "se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor". (Romanos 14.8)
- Vejo que de fato, nesses dias de quarentena, a Igreja tem despertado para estar mais junta em oração. Pessoas se preocupando em clamar, buscando mais intimidade com Deus. E se Ele escolheu esse flagelo para que o Seu propósito se cumpra, isso não o faz mal, e sim ainda mais glorioso!
- Que a rebeldia do nosso coração enganoso não nos faça olharmos para o nosso Deus como alvo de nossas críticas, mas como alvo de nossa adoração, seja na alegria, ou seja na dor. Os profetas Jeremias e Habacuque compreenderam bem isso, e nós também precisamos compreender. Porque no fim das contas "Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam". (Salmos 24:1)